Contexto
A partir de um trabalho acadêmico na disciplina de Sociedade, Educação e Tecnologia II, surgiu a ideia de fazer essa proposta que propõe alternativas de softwares livres, e uma discussão sobre o risco de fidelização aos softwares proprietários. O contexto de ensino remoto emergencial, devido a uma pandemia de COVID-19, fez com que o uso de plataformas e aplicativos para a realização das atividades acadêmicas, só agravasse mais o quadro de exposição à internet. Pois um grande número de instituições de ensino estão se fidelizando aos aplicativos do Google e Microsoft, em busca de soluções tecnológicas para o momento atual e devido a uma facilidade de acesso e sua falsa “gratuidade”. É importante que os professores durante a formação estejam devidamente informados sobre o risco da fidelização aos softwares proprietários, se informar sobre as alternativas de softwares livres, e aprender usá-las para resolver suas atividades acadêmicas. Exercitando assim, sua criticidade e autonomia, e dessa forma obter uma bagagem de conhecimento para exercer a profissão docente, adquirindo saberes que serão disseminados no processo educativo. Outro aspecto motivador, é a 5° competência da BNCC, que contempla os seguintes saberes “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.” (Brasil, 2018, p. 9)
Objetivos
Informar os riscos que as instituições de ensino correm ao utilizarem as plataformas “gratuitas” proprietárias e ampliar os conhecimentos sobre as alternativas de plataformas livres. Alertar para professores em formação, sobre a Fidelização dos Usuários em plataformas gratuitas na educação. Despertando neles a conscientização sobre os riscos dessa fidelização. Propor alternativas à softwares proprietários, mostrando alguns softwares livres e seus benefícios.
Recursos educativos
Retroprojetor, sala de informática, slide do sistema Onlyoffice e tutoriais do site Escolha Livre.
Metodologia
A primeira aula será uma introdução, abordando o tema “Fidelização dos usuários”. Na segunda, uma aula dialogada onde os participantes poderão discutir sobre conhecimentos prévios sobre o Software livres e proprietários. Em seguida explicar o que são e quais seus benefícios dos softwares livres. Na terceira aula, será realizada uma aula prática ou expositiva, o professor poderá optar, os alunos poderão ser levados à sala de informática para conhecer softwares livres utilizando o recurso da internet, se isso não for possível, a opção será utilizar o recurso do retroprojetor e apresentar os tutoriais da Escolha livre.
Desenvolvimento das aulas:
Aula 01
A ideia é introduzir o tema com referências nos materiais: “A fidelização de usuário é um processo que ocorre de forma gradual e imperceptível e, aos poucos, vai gerando familiaridade e dependência do “cliente” a determinado produto.” (Manifesto elaborados pelos alunos da UnB, 2021, disponível no link: https://pt.wikiversity.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_Aberta/A_vigil%C3%A2ncia_na_educa%C3%A7%C3%A3o . Podemos citar como exemplo o aplicativo de mensagens WhatsApp. Atualmente e principalmente depois da pandemia, muitas pessoas estão totalmente dependentes desse aplicativo. E nem sequer conseguimos pensar em alternativas, esquecemos até que o celular tem outras utilidades como exemplo: fazer ligações. O WhatsApp é usado para nos comunicar, trabalhar e estudar. A dependência de softwares proprietários, principalmente da Microsoft e da Google, por acreditarem que são gratuitas, o que infelizmente não é verdade, pois são pagos com os dados que são compartilhados em cada acesso. Outro ponto importante a ser abordado é sobre GSuite (GAFE – Google Apps for Education), “o sistema da Google é apresentado como o mais econômico para a universidade, ao mesmo tempo que é mais prático para os professores e funcionários”. (PARRA et al, 2018, p. 76). Por serem mais práticos, os professores preferem adotá-lo durante suas aulas, ao ser adotados pelos docentes os alunos também começam a utilizá-los, o que gera uma dependência coletiva. Mais informações disponíveis no link: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/32320. Segundo Parra et al(2018), a Google como exemplo, que embora haja uma troca – uso dos serviços da empresa em troca de dados de navegação e exposição aos anúncios publicitários – estamos continuamente empoderando uma empresa, que se torna um monopólio de negociação de nossos dados. Tal concentração é capaz de produzir uma realidade unidimensional ao apresentar realidades selecionadas para o usuário, por meio da criação de perfis de interesse e com o objetivo de modular nossa atenção, o que cria, segundo Fuchs (p.67), uma ameaça através de um poder ideológico, capaz de modular nossa visão de mundo. Outro bom exemplo que está sendo muito usado é a plataforma Teams da Microsoft, algumas instituições de ensino superior estão utilizado para realização das aulas. Qualquer instabilidade é algo desesperador tanto para os alunos, quanto para os professores. E quando um professor sugere uma opção de plataforma livre, encontram resistência entre os alunos até mesmo para fazer um teste. Essa resistência vem acontecendo com vários outros aplicativos como: o Jitsi Meet, o Element, o Nextcloud, que não são os das grandes plataformas de softwares proprietários.
Aula 02
Aula dialogada, onde o professor avaliará os conhecimentos prévios dos estudantes sobre “O que são softwares livres?”, em seguida realizará uma abordagem sobre o tema, dando ênfase no contexto educacional, e em seguida dará continuidade ao tema da aula anterior, para então começar a discutir os benefícios ao aderir estas plataformas livres. Em princípio, o que define um software sendo livre é o acesso ao seu código-fonte pelos usuários, o que viabiliza alteração e distribuição sem custo de licenciamento pelos mesmos, portanto, quem tem o controle da plataforma é o usuário, de forma que, devido à transparência do código-fonte e das operações de dados das plataformas de código livre pode-se constantemente verificar como o sistema operacional funciona, e poder ter mais certeza da segurança dos dados compartilhados, ao contrário dos proprietários, que operam com os dados dos usuários, sem nenhuma ética. Conforme a orientação supracitada, deverá agora ser apresentado os benefícios do uso das plataformas livres. Que são:
1. Na maioria das vezes são gratuitos;
2. Não apresenta fins de captar dados e metadados dos usuários, portanto não são plataformas invasivas e antiéticas e nem fomentam o Capitalismo de Vigilância;
3. Podem ser copiadas e distribuídas de forma gratuita por usuários/ou instalações da uma nova versão criada;
4. A partir de um software livre, uma instituição pode criar uma plataforma personalizada de acordo com os seus interesses e necessidades de ensino, tendo em vista que os usuários possuem o controle sobre o sistema. Esta ideia pode ser aplicada não apenas por uma instituição toda, mas também por um curso específico, ou um projeto de alunos e professores.
5. Muitos aplicativos e plataformas livres são acompanhados por comunidades online, e através de uma delas, divulgam as informações dos usuários e estão constantemente confirmando a segurança desses aplicativos.
6. A fidelização dos usuários deve ser combatida de forma compulsória. Para obter mais informações sobre o assunto, consulte os links: https://www.gnu.org/education/education.html e https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html.
Aula 03
Aula prática, neste momento o professor deverá acompanhar os discentes a sala de informática, se possível. E se não for possível, fazer uso do recurso do retroprojetor, para exemplificar os softwares livres e como são utilizados. Uma alternativa para que as pessoas possam começar a se libertar do uso de plataformas proprietárias, recorrendo ao uso de plataformas livres similares. Exemplificando, podemos citar o software livre Element, que é um aplicativo mensageiro, gratuito e de código aberto, baseado no código Matrix. Ele é similar ao WhatsApp e ao Messenger que são pertencentes ao Facebook. O aplicativo pode ser baixado no celular ou smartphone e pela versão Web. Mais informações consulte o tutorial completo disponível em: https://escolhalivre.org.br/element/. Outra plataforma muito utilizada por professores e alunos é o Google docs, sua fidelização é aumentada devido a facilidade, praticidade e sua falsa gratuidade. E pode ser substituído pela plataforma livre Onlyoffice, que possui as mesmas funcionalidades da plataforma proprietários, com a diferença ter mais privacidade e segurança para os dados de que as utilizam. Consulte mais informações no link: https://escolhalivre.org.br/onlyoffice/. Vários outros tutoriais de softwares livres estão acessíveis no site da Escolha Livre, disponíveis no link: https://escolhalivre.org.br/tutoriais/.
Número de aulas
Serão 03 (três) encontros para realização do plano de aula. Os dois primeiros encontros terão duração de 1h e 30 minutos cada e o terceiro encontro terá duração de 50 minutos.
Resultados
Essa prática busca como resultados:
- Ampliação do conhecimento sobre a existência de outras plataformas pelo fato de crescermos tendo conhecimento de um único meio, por exemplo, a utilização do Google para pesquisas;
- Conscientização sobre os riscos que estão correndo ao utilizarem plataformas proprietárias que comercializam os dados de seus usuários;
- Desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia para serem capazes de identificar e escolher quais são as melhores alternativas de softwares livres;
- Uso de plataformas livres. Esse plano de aula possibilitará reflexões sobre as diversas plataformas que existem e que atendem a necessidade dos usuários.
Por que recomenda?
Pela principal causa da fidelização do usuário ser a dificuldade de acesso às plataformas livres, pois são bem menos divulgadas e com poucas instruções de como manuseá-las. Ao fazer busca na internet pouco se encontra sobre o tema, principalmente se o buscador pertencer a uma das plataformas da Google.
Adaptação/recriação
A partir das aulas da disciplina de Sociedade, Educação e Tecnologia II do curso de Pedagogia na UEMG, juntamente com os tutoriais do site Escolha livre e o manifesto que os alunos da UnB e da UEMG produziram no ano de 2021. Nos despertou o desejo de criar essa proposta e trazer essa discussão tão importante, que é a fidelização de usuários às plataformas proprietárias.
Referências
- BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. Acesso em: 16 ago. 2021
- Escolha Livre (2021). Tutorial Element. Disponível em: https://escolhalivre.org.br. Acesso em: 16 de ago. 2021
- GNU. Software Livre e Educação. Disponível em: https://www.gnu.org/education/education.html. Acesso em: 16 ago 2021.
- GNU. O que é software livre? Disponível em: https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html. Acesso em: 16 ago 2021.
- PARRA, Henrique; CRUZ, Leonardo; AMIEL, Tel; MACHADO, Jorge. Infraestruturas, economia e política informacional: o caso do Google Suite for Education. Mediações: revista de Ciências Sociais. Londrina, V. 23, n. 1, 2018. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/32320. Acesso em: 16 ago. 2021
- Texto manifesto elaborado pelos alunos da UEMG-UnB, em 2021. Disponível em: https://pt.wikiversity.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_Aberta/A_vigil%C3%A2ncia_na_educa%C3%A7%C3%A3o . Acesso em: 16 de ago. 2021