Atividades voltadas ao público com acesso limitado à Internet e às tecnologias.

Criado por: Pamela Fontoura

Contexto

A ideia surgiu enquanto fazia uma especialização EAD, quando eu mesma enfrentava dificuldade de acesso a recursos tecnológicos que me possibilitariam acessar as aulas e realizar os trabalhos com qualidade. Deparei-me com a questão das exigências. Existem critérios para uma boa aprendizagem online. 

Uma boa aprendizagem online exige algum nível de interação entre professores e alunxs, seja por meio de chat, salas de aula online ou caixas de comentários. 

Interrupções devidas a instabilidade na rede ou mal funcionamento das plataformas pode gerar ansiedade e estresse nxs alunxs. Visto que, mesmo entre professorxs é uma queixa frequente. 

A total ausência de tecnologias digitais em casa exigirá a elaboração de versões impressas de atividades, entre outras medidas que aparecerão descritas a seguir.

Objetivos

A partir da experiência descrita acima, comecei a refletir e anotar ideias ou soluções inclusivas para diferentes níveis de dificuldade de acesso.Portanto, os principais objetivos desta prática é refletir em conjunto e propor soluções inclusivas para problemas de acesso.

O público alvo desta boa prática, são as alunas e alunos da rede pública na educação básica. Considerando que educadoras e educadores têm encontrado problemas de adequação às novas exigências tecnológicas da sociedade, torna-se ainda mais necessário pensar nos impactos de tais exigências sobre o público a quem a educação se dirige. Assim como, as possibilidades de adaptação que possui. As demandas tecnológicas atuais no âmbito do ensino têm suscitado inúmeras polêmicas entre educadores, dividindo as opiniões entre aqueles que são contrários e outros favoráveis ao processo que, verdade seja dita, já está em curso e a revelia de muitas pessoas. Tenho acompanhado o debate de forma tangencial, me posiciono como favorável a inserção de novas tecnologias no ensino de forma cuidadosa e paulatina. Levando em consideração as dificuldades e problemas que podem acarretar. Principalmente para as crianças. Portanto, tais práticas visam reduzir os possíveis impactos da inserção abrupta das tecnologias no ambiente escolar, intensificada pelo homescholling forçado pela pandemia mundial.

Recursos educativos

Para realizar esta prática serão necessários procedimentos de busca dos principais problemas de acesso enfrentados pelos alunos assim como possíveis soluções para os casos. As educadoras e educadores poderão realizar enquetes e levantamentos junto ao alunado, por meio de formulários impressos deixados na secretaria da escola. Um recurso interessante poderia ser o uso de alguma plataforma que funcione offline e permita visualizar arquivos, ouvir áudios com instruções, etc. Um grupo de e-mails onde circulem transcrições de vídeos e textos digitalizados pode funcionar como estratégia alternativa, assim como instruções em áudio, para aquelas alunas e alunos com sinal de baixa qualidade na conexão com a Internet. Reitero que essas sugestões de recursos estão direcionadas a contornar possíveis problemas práticos que os alunos encontram em seus cotidianos. Se, para os adultos um vídeo que é interrompido frequentemente em função de problemas com a conexão gera ansiedade e estresse, imagina para crianças e adolescentes no final dos prazos para a entrega dos trabalhos.

Metodologia

Tópico 1: Proceder uma enquete ou levantamento sobre os problemas e dificuldades mais comuns encontrados pelxs alunxs para a realização de aulas online, assim como sugestões inclusivas. A etapa de colher os levantamentos será a mais importante, consistirá em imprimir uma série de questionários por meio dos quais xs alunxs irão enumerar as principais dificuldades que enfrentam em razão do ensino Ead e também relacionar sugestões de solução para os problemas encontrados. As atividades deverão ficar disponíveis por tempo determinado, por exemplo, nas secretarias escolares. Assim, poderão ser retiradas pelxs alunxs ou seus responsáveis como atividade de caráter extra escolar.

Tópico 2: Entre as sugestões mais efetivas, pode estar o uso de plataformas que permitam acesso aos conteúdos e interações offline.

Tópico 3: Enviar a descrição completa das atividades exigidas e bibliografia para quem não possui recurso tecnológico ou rede de dados limitada para assistir vídeos. Sugerir leituras que substituam em alguma medida a visualização dos vídeos. 

*Quando sugerimos vídeos ou apresentamos aulas completas na forma de vídeo-aula, muitas vezes não consideramos que há alunos utilizando sinal 4G. A baixa qualidade do sinal faz com que os vídeos sejam interrompidos ou simplesmente não rodem. Sem falar daquela alunxs que possuem aparelhos mais antigos.

Estimular a solidariedade entre alunxs sugerindo que descrevam os vídeos, façam resumos, desenhos, mapas mentais e outros recursos para disponibilizar axs colegas pode ser bastante interessante. 

Criar redes solidárias entre alunxs para apoiar aquelxs que estão em situação de maior vulnerabilidade social. Vulnerabilidade social é um conceito mais ligado à área da assintência social. Como esta boa prática visa reduzir danos que possam ser causados pelo sistema de ensino EAD, é preciso pensar em termos de uma perspectiva assistencial para identificar alunos e alunas que não estão inclusos neste modelo de prática educativa. Não possuo um aporte teórico mais sólido a esse respeito. Por isso, minha sugestão é que, principalmente os gestores da educação, se acerquem deste tema com mais intensidade. 

 Com a finalidade de engajar também o alunado no enfrentamento da situação e busca por soluções, o professor pode propor aos alunos com maior facilidade de acesso tecnológico (subentende-se este grupo, aqueles e aquelas entre os alunos que possuem uma boa conexão com a internet em casa e um razoável aparelho de celular, tablet ou computador) que transcrevam vídeos, produzam áudios com resumos explicativos, esquemas, desenhos. Enfim, materiais que possam facilitar os estudos de alunos e alunas que tenham acesso limitado às tecnologias. Claro, todos os materiais produzidos por alunos deverão passar pelo crivo dos professores responsáveis.

Acrescento que nenhuma destas reflexões pretende substituir a cobrança frente ao poder público por políticas educacionais. São propostas que visam diminuir os impactos de possíveis faltas de soluções advindas do poder público.

Número de aulas

Esta é uma prática a ser implementada e avaliada ao longo do ano letivo, com desdobramentos a partir das respostas dxs alunxs.

Resultados

Como resultado teremos um banco de dados completo sobre as diferentes situações de acesso dos alunos e sugestões dos mesmos para cada um dos problemas encontrados. Além do desenvolvimento e aprimoramento de uma práxis inclusiva em que professorxs, alunxs e familiares são partícipes no processo.

Por que recomenda?

Com esta prática pretende-se desenvolver empatia entre xs estudantes, autonomia para criar soluções a partir das possibiludades existentes, melhoria da qualidade do processo educativo, aumento da conectividade entre alunxs.

Adaptação/recriação

Sempre foi muito inspiradora para mim a exposição do Museu da UFRGS sobre Alan Turing e diversos materiais que li a respeito de educação inclusiva. Assim como relatoóios e apontamentos da era PT.

Referências

Caminhadas de Universitários de Origem Popular (UFRGS). Ensino de História – desafios contemporâneos. Disponível em < https://lume.ufrgs.br/handle/10183/163894

SANGER, Dircenara dos Santos. Ação Afirmativa na Sociedade Porto Alegrense Ação Educativa: uma experiencia inclusiva no museu do Trem.

As imagens e vídeos indicados nesta prática não estão sob licença CC BY NC, caso queira reutilizá-los, entre em contato com o autor da prática pelo comentário.

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Logo EducaDigital Nic.br Catedra Unesco