Contexto
Essa é uma prática derivada de Você sabia que a “nuvem” não existe?
Basicamente a ideia é avançar na compreenção da importância do território para o mundo digital, assim como os elementos físicos são fundamentais para as relações digitais. No entanto, é preciso enxergar isso de forma crítica observando possíveis relações de poder que existem nesse universo, além é claro compreender a ordem mundial que determina o controle do fluxo e princiapalmente armazenamento de informação.
Há impressão de que a “nuvem” é algo onipresente, pois pode ser acessada em praticamente qualquer lugar do mundo, desde que se tenha conexão com a internet. No entanto, a realidade é diferente: a “nuvem” se refere a um ou mais servidores que estão territorialmente localizados, o que significa fluxo e armazenamento de dados siginificativos para um lugar em específico no espaço global. Ou seja, existem questões territoriais, geoeconômicas e geopolíticas significativas que normalmente não são levadas em conta e que ajudam a compreender o mundo e o universo digital de forma mais ampla.
Objetivos
- saber o verdadeiro significado da “nuvem”;
- refletir sobre as demandas para o funcionamento da internet;
- compreender a importância do território na definição do universo digital;
- identificar possíveis relações de poder resultantes da disposição material dos recursos relativos à internet.
Recursos educativos
Esse site é do Data Center Map que busca publicar informações sobre a localização de servidores e nuvens. O mapa em questão oferece uma boa visualização da concentração das nuvens em certos países centrais, enquanto países periféricos apresentam rarefação ou ausência desses.
Metodologia
A atividade pode se iniciada após a prática Você sabia que a “nuvem” não existe?, que traz uma boa percepção de como a internet funciona e como essa depende de elementos materiais para existir.
O próximo passo é dividir a turma de alunos em pequenos grupos para que acessem o mapa das nuvens do site Data Center Map e explorem de forma livre. Você pode dedicar de 20 a 30 minutos para esse momento ou o tempo que achar mais adequado. É interessante que os alunos façam anotações de suas descobertas, e que o educador oriente clicar nos elementos do mapa e verificar informações mais a fundo.
Após a rodada de exploração vale a pena instigar o compartilhamento das descobertas por parte dos grupos.
Certamente muito será apresentado em relação a concentração desproporcional das nuvens em países centrais, assim como informações de que as nuvens em territórios de países periféricos têm origem estrangeira (normalmente de países centrais).
O professor poderá auxiliar nas conclusões acerca da concentração do fluxo e armazenamento de informações em determinados territórios, assim como a relação de poder existente no mundo globalizado, onde poucas organizações e empresas de certos países controlam boa parte da estrutura material do espaço digital e consequentemente o armazenamento dos dados em escala global, o que implica em sérias questões sobre segurança, privacidade e soberania dos países mais periféricos. A ideia é também instigar questionamentos sobre as causas e consequências da condição apresentada, o que poderá desdobrar novas abordagens e rumos para os estudos dos estudantes.
O educador poderá ainda avançar no assunto se utilizando de mais mapas que exploram a questão da concentração da atividade digital e da infraestrutura desse universo.
Número de aulas
Normalmente 1 encontro de 1 hora e 30 minutos é suficiente, podendo variar conforme os desdobramentos da atividade.
Resultados
- Ter compreendido como funciona em partes a internet e a necessidade de infra-estrutura física para isso;
- Ter incentivado um comportamento mais seguro e responsável de uso da internet pelos alunos;
- Ter provocado reflexão nos estudantes sobre as relações de poder existentes no espaço digital;
- Ter instigado questionamentos sobre as causas e consequências da condição apresentada.
Por que recomenda?
Normalmente os estudantes estão habituados ao uso de certos recursos digitais sem saber as reais condições que permitem isso. A nuvem é um bom exemplo da normalidade em se deduzir a onipresença dessa forma de armazenamento de dados. Porém existem questões territoriais, geoeconômicas e geopolíticas significativas que normalmente não são levadas em conta e que ajudam a compreender o mundo e o universo digital de forma mais ampla.
Adaptação/recriação
Essa é uma prática derivada de Você sabia que a “nuvem” não existe?
Referências
Cloud Servers – Data Center Map
https://www.datacentermap.com/cloud.html
Como a internet funciona?
https://developer.mozilla.org/pt-BR/docs/Learn/Common_questions/Como_a_internet_funciona
A dimensão geográfica da Internet no Brasil e no Mundo
CIBERESPAÇO ENTRE AS REDES E O ESPAÇO GEOGRÁFICO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/21779
Estruturas e dinâmicas espaciais da organização da internet no território brasileiro
https://journals.openedition.org/confins/9976
Áreas do conhecimento
Competências gerais da BNCC
- Argumentação e defesa de ideias
- Conhecimento historicamente construído
- Cultura digital
- Empatia e cooperação
- Pensamento científico, crítico e criativo
- Repertório cultural
O conceito de nuvem é um dos mais presentes em nossas vidas, como uma geração tecnológica. Apesar disso, pouco sabemos sobre o funcionamento da mesma e as implicações de seu uso na nossa privacidade. Além disso, a ligação entre o sistema de nuvem e a geopolítica e economia mundial é uma ideia distante para nós, jovens. Porém, creio que a atividade poderia ser mais dinamizada, montando em conjunto um mapa geopolítico em sala com os dados e analisando cada servidor individualmente, observando os impactos geopolíticos dessa formação para cada nação.