A “nuvem” não é onipresente

Criado por: Victor

Contexto

Essa é uma prática derivada de Você sabia que a “nuvem” não existe?

Basicamente a ideia é avançar na compreenção da importância do território para o mundo digital, assim como os elementos físicos são fundamentais para as relações digitais. No entanto, é preciso enxergar isso de forma crítica observando possíveis relações de poder que existem nesse universo, além é claro compreender a ordem mundial que determina o controle do fluxo e princiapalmente armazenamento de informação.

Há impressão de que a “nuvem” é algo onipresente, pois pode ser acessada em praticamente qualquer lugar do mundo, desde que se tenha conexão com a internet. No entanto, a realidade é diferente: a “nuvem” se refere a um ou mais servidores que estão territorialmente localizados, o que significa fluxo e armazenamento de dados siginificativos para um lugar em específico no espaço global. Ou seja, existem questões territoriais, geoeconômicas e geopolíticas significativas que normalmente não são levadas em conta e que ajudam a compreender o mundo e o universo digital de forma mais ampla.

Objetivos

  • saber o verdadeiro significado da “nuvem”;
  • refletir sobre as demandas para o funcionamento da internet;
  • compreender a importância do território na definição do universo digital;
  • identificar possíveis relações de poder resultantes da disposição material dos recursos relativos à internet.

Recursos educativos

Esse site é do Data Center Map que busca publicar informações sobre a localização de servidores e nuvens. O mapa em questão oferece uma boa visualização da concentração das nuvens em certos países centrais, enquanto países periféricos apresentam rarefação ou ausência desses.

https://www.datacentermap.com/cloud.html

Metodologia

A atividade pode se iniciada após a prática Você sabia que a “nuvem” não existe?, que traz uma boa percepção de como a internet funciona e como essa depende de elementos materiais para existir.

O próximo passo é dividir a turma de alunos em pequenos grupos para que acessem o mapa das nuvens do site Data Center Map e explorem de forma livre. Você pode dedicar de 20 a 30 minutos para esse momento ou o tempo que achar mais adequado. É interessante que os alunos façam anotações de suas descobertas, e que o educador oriente clicar nos elementos do mapa e verificar informações mais a fundo.

Após a rodada de exploração vale a pena instigar o compartilhamento das descobertas por parte dos grupos.

Certamente muito será apresentado em relação a concentração desproporcional das nuvens em países centrais, assim como informações de que as nuvens em territórios de países periféricos têm origem estrangeira (normalmente de países centrais).

O professor poderá auxiliar nas conclusões acerca da concentração do fluxo e armazenamento de informações em determinados territórios, assim como a relação de poder existente no mundo globalizado, onde poucas organizações e empresas de certos países controlam boa parte da estrutura material do espaço digital e consequentemente o armazenamento dos dados em escala global, o que implica em sérias questões sobre segurança, privacidade e soberania dos países mais periféricos. A ideia é também instigar questionamentos sobre as causas e consequências da condição apresentada, o que poderá desdobrar novas abordagens e rumos para os estudos dos estudantes.

O educador poderá ainda avançar no assunto se utilizando de mais mapas que exploram a questão da concentração da atividade digital e da infraestrutura desse universo.

 

Número de aulas

Normalmente 1 encontro de 1 hora e 30 minutos é suficiente, podendo variar conforme os desdobramentos da atividade.

Resultados

  • Ter compreendido como funciona em partes a internet e a necessidade de infra-estrutura física para isso;
  • Ter incentivado um comportamento mais seguro e responsável de uso da internet pelos alunos;
  • Ter provocado reflexão nos estudantes sobre as relações de poder existentes no espaço digital;
  • Ter instigado questionamentos sobre as causas e consequências da condição apresentada.

Por que recomenda?

Normalmente os estudantes estão habituados ao uso de certos recursos digitais sem saber as reais condições que permitem isso. A nuvem é um bom exemplo da normalidade em se deduzir a onipresença dessa forma de armazenamento de dados. Porém existem questões territoriais, geoeconômicas e geopolíticas significativas que normalmente não são levadas em conta e que ajudam a compreender o mundo e o universo digital de forma mais ampla.

Referências

Cloud Servers – Data Center Map

https://www.datacentermap.com/cloud.html

 

Como a internet funciona?

https://developer.mozilla.org/pt-BR/docs/Learn/Common_questions/Como_a_internet_funciona

 

A dimensão geográfica da Internet no Brasil e no Mundo

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-24112009-144158/publico/AMADEU_CARDOSO_JUNIOR.pdf

 

CIBERESPAÇO ENTRE AS REDES E O ESPAÇO GEOGRÁFICO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS

http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/21779

 

Estruturas e dinâmicas espaciais da organização da internet no território brasileiro

https://journals.openedition.org/confins/9976

 

 

 

 

 

 

 

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Um comentário:

  1. O conceito de nuvem é um dos mais presentes em nossas vidas, como uma geração tecnológica. Apesar disso, pouco sabemos sobre o funcionamento da mesma e as implicações de seu uso na nossa privacidade. Além disso, a ligação entre o sistema de nuvem e a geopolítica e economia mundial é uma ideia distante para nós, jovens. Porém, creio que a atividade poderia ser mais dinamizada, montando em conjunto um mapa geopolítico em sala com os dados e analisando cada servidor individualmente, observando os impactos geopolíticos dessa formação para cada nação.

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